quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Sobre a necessidade de se sentir feliz

Hoje voltei a ter aquela sensação de estar sendo dilacerada por dentro. Ontem estava me sentindo melhor, mas esta noite tive um sonho que me fez acordar deprimida. Segurei o choro até me descontrolar. Tentei botar para fora a tristeza, mas uma parte dela ainda está dentro de mim. Eu tive recaída, não consegui sustentar a máscara da mulher forte que age friamente. Eu sou humana, sou quente, gosto de dar e receber carinho, preocupo-me com as pessoas. 
Embora ultimamente tenho tentado encobrir-me, sei que não é a solução. Esse negócio de dizer "foda-se, arranjo um melhor" nunca combinou comigo (ainda mais porque a decisão foi em consenso). Sei também que chorar pelos quatro cantos da casa tão pouco irá me ajudar. O processo é lento, já passei por ele antes e sei bem como é. Mas a ânsia para se sentir bem esmaga o meu peito. 
Imagino que deve haver pessoas que pensam sobre mim "Nossa, que pessoa triste e insatisfeita. Acho que nunca a vi feliz". Pode ser que eu não seja feliz há um longo tempo, mas só tenha me dado conta disso de uns dois anos pra cá. Entretanto, isso não significa que eu tenha que culpar os outros - e tão pouco me culpar. 
Parece haver uma busca incessante por ser feliz e satisfeito, compartilhar suas conquistas e realizações. Eu me sinto obrigada a parecer feliz e manter o que sinto dentro de mim, abrindo-me vez ou outra a alguém ou à psicóloga. Ninguém gosta de pessoas negativas, que se abrem num Twitter e tão pouco num Facebook. Ninguém tem nada a ver sobre como realmente me sinto.

Neste momento, estou no hospital. Passarei a noite com minha avó. Trouxe o notebook e estou usando o celular de hotspot. Eu me sinto sozinha aqui, mas também me sinto sozinha em casa. Só que lá, eu posso desabafar com minha mãe e abraçá-la. Aqui é mais solitário. 
Não me sinto solitária apenas a partir dos últimos acontecimentos. Já faz um tempo que sinto isso. Às vezes, mesmo estando com alguém por perto, eu me sentia assim. Só que agora dói mais e não consigo segurar as lágrimas ao pensar. 
Lembro ano passado, da vez que fui ao hospital fazer um exame que já tinha marcado. Estava péssima e aproveitei para ir ao pronto-socorro. Um médico super-bom me atendeu e de cara viu que eu não estava bem. Já tinha chorado tanto por causa dos acontecimentos da noite anterior que meus olhos estava inchados. Ele não quis receitar medicamento para dormir, quando eu disse que não conseguia descansar e sentia muita ansiedade. Indicou um fitoterápico e respondeu que, como profissional, acreditava que a pessoa deveria enfrentar os problemas, e não tomar algo que a forçasse a se sentir melhor. 
Eu entendo esse ponto de vista. Da única vez que fiz tratamento com medicamento psicoterápico, os efeitos colaterais foram tão fortes que eu parei porque não aguentei. Li a bula e me assustei. Não é de espantar, portanto, que a indústria farmacêutica lucre milhões com a infelicidade alheia. Não julgo quem precisa tomá-los nem especialistas que receitem, só acho que o médico que havia me receitado foi desatencioso, pois a consulta havia durado poucos minutos para ele escolher algo tão forte para mim.

Enfim, conto e desabafo porque não aguento segurar dentro de mim nem por um dia.

Nenhum comentário: