domingo, 25 de janeiro de 2015

Nolando

Eu já comentei com algumas pessoas que considero Christopher Nolan um diretor de cinema talentoso, mas seus filmes são muito difíceis de serem vistos mais de uma vez. Ele nunca fez um filme ruim, porém suas obras são envoltas de uma mística de inteligência e ousadia que não entendo. Mesmo.
A começar pela premissa: ele cria algo básico e simples, depois recheia o roteiro de reviravoltas e cria cenas e sequências estilo pegadinha para um espectador acostumado a blockbusters repletos de correria e explosões. O resultado é um filme que só exige um pouco mais de atenção (vide Amnésia, que é ótimo, mas sem muito mistério) e uma boa dose de ânimo, já que geralmente seus longas (e bota "longas" nisso) são tediosos e cheios de questões pseudo-filosóficas e pseudo-complexas.
Nolan requenta clichês (como esquecer o final do terceiro filme do Batman, onde o plano vilanesco é TODO revelado?), insere diálogos expositivos para um público com déficit de atenção (explica a mesma questão duas ou três vezes em Interestelar), cria reviravoltas que só deixam os filmes mais longos (A Origem, oi?) e, no fim, é taxado de complexo e inteligente.
Lembro de já ter feito comentários do tipo e ouvir em resposta "ah, mas tem que prestar atenção, você entendeu?". Entender, eu até entendi. Mas me deu um sono danado esse processo todo...

Estou longe de me julgar superior a qualquer espectador de cinema ou sair dizendo que Nolan é um incompetente (mesmo porque não é; pelo contrário, sabe que tipo de filme seu público assiste e cria obras "desafiadoras" para ele). Mas daí sair dizendo que Nolan is God é um exagero sem tamanho. Talvez eu tenha visto tantos filmes em minha vida de épocas e nacionalidades diferentes que já consiga me prevenir dessas armadilhas pega-fã-de-cinema e acabe achando uma perda de tempo rever qualquer coisa do Nolan, apenas para acabar gostando menos.

Aliás, ao ler este texto de André Barcinski sobre Interestelar, penso sobre o filme e gosto ainda menos dele. Aquela aura de épico complexo-filosófico se esvai cada vez mais, enquanto lembro do sotaque irritante do Matthew McConaughey e os rumos da carreira de Anne Hathaway. Realmente, não dá para ser fã de ficção-científica quando filmes como Interestelar são levados tão a sério.

Nenhum comentário: