quarta-feira, 11 de março de 2015

Um mês

Era um domingo ensolarado. O centro da cidade serviu de ponto de encontro, onde ela escolheu um lugar familiar de longa data. Arte, uma taça de afogatto e um filme para o fim do dia. Depois, poderia ser uma cerveja e um passeio mais longo pelas ruas repletas de histórias. Não havia um roteiro definitivo para a despedida, apenas planos rascunhados que poderiam ser alterados a qualquer momento.
Pinturas, cores, formas, narrativas. Passos lentos e apressados. Olhar distraído e atento. No café, a colher tocava gentilmente o sorvete de creme imerso no café espresso, decorado pela doçura aveludada do chantilly. Depois, como dois andarilhos, percorreram algumas quadras antes da sessão. Perguntas, respostas e relatos. Na sala escura, o filme iria começar. Bang bang. Sem mocinhos nem bandidos. Ou seriam bandidos mocinhos? O final trágico foi vitória de quem? Quantos pensamentos!
O sol repousava, mas o dia persistia. Uma cerveja para fechar a noite quente, que tal? As ruas ocupadas por foliões a amedrontavam. Pessoas, barulho, suor. Sentiu-se protegida e foi escoltada por entre a multidão. "Acho que estou perdida, deixa eu consultar meu GPS". Mas sentiu a mão ser tomada e a surpresa a abateu docemente. Soltou-se ali, com o beijo. Não disfarçou a reação inesperada, nem sentiu um milhão de pensamentos atravessar sua mente. Apenas se entregou àquele momento e deixou ser conduzida pela agradável sensação de redescoberta.

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