sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pequena grande cidade

Às vezes comento que São Paulo é uma cidade pequena, mas não falo por ironia. É impressionante o número de coincidências que já me ocorreram por aqui em menos de um ano. A última foi um esbarro casual durante o horário de almoço, que varia de acordo com o fluxo de trabalho. E nesse dia, saí mais tarde do que o costume.
Subia a movimentada rua nas proximidades de um shopping quando um conhecido descia. Estudávamos na mesma faculdade, em outro município, sendo os cursos diferentes, e pegávamos ainda o mesmo ônibus fretado. Ele era uma pessoa quieta demais, acho que só ouvi a voz dele umas cinco vezes em quatro anos.
- Oi, lembra de mim?
Resposta inaudível, mas interpretada como “sim, eu me lembro”.
- Então, o que faz por aqui?
- Estou fazendo um curso – voz sussurada e abafada pelo barulho de ônibus e automóveis.
- Puxa, que coincidência. Trabalho aqui perto.
- ...
- Vou almoçar, tchau. Boa sorte.
- ...
Segui meu rumo, lembrando que ele não havia mudado nada desde aquela época. E como era difícil conversar com ele. Ainda é. Parece que tudo o que se fala não tem interesse algum, já que não existe reciprocidade entre as frases trocadas, tornando o papo um monólogo de dois minutos. Raj. Acho que vou apelidá-lo assim.

9 comentários:

Rodrigo Carreiro disse...

Raj nem teria falado nada eheheh
E isso ai que acontece é uma típica contradição de megalópoles.

Sunflower disse...

Acredita que eu tenho tanto commitment issues que não consigo me comprometer nem com seriado. Na verdade, raras são as trilogias que eu vejo até o fim.

beijas

Sunflower disse...

se lembra que eu te falei de um conto incrível do Guy Maupassant?

http://www.ufrgs.br/proin/versao_2/maupassant/index11.html

Alexandre disse...

Pois é, essa contradição é um grande mistério. Já tive encontros bizarros por aí também, vai entender isso.

Uma vez encontrei uma amiga que mora no interior em plena estação da sé do metrô. Eu subindo as escadas pra pegar a linha vermelha, ela na plataforma do outro lado esperando pro tiête.

Foi questão de segundos e um aceno rápido.

Anônimo disse...

Gosto da contradição. Ela nos faz humanos e dá brilho à vida!

Tania Capel disse...

eu sempre falo isso de sampa! um dia, estávamos no masp (um grupo de educadores)... daí minha amiga maria alice disse que queria ficar em sampa mas tinha esquecido o telefone do amigo dela (onde ela ficaria). 5 minutos depois... eis que ele passa em frente ao MASP.... hauhauhauha
daí eu disse: São Paulo é minúscula! rs.... rs...

beijos

p.s. já ouvi falar da sua cidade, mas não conheço!

Cristina disse...

Não duvido disso, porque já ouvi muitas histórias como essa acontecendo em São Paulo. Acho que comigo foi só um dia que encontrei um amigo na Paulista - mas ele trabalha lá, então não foi tanta coincidência assim rs.

Rounds disse...

também não sou de muita conversa...

acho que me comunico melhor escrevendo.

bj

Persiolino disse...

Oi moça, lembrei-me que também existem situações em que tentamos marcar um encontro com uma determinada pessoa, num determinado local e ocasião, e não simplesmente consegue. E sem mais sem menos nos encontramos em um outro lugar, num outro dia, numa outra ocasião, em uma outra cidade, em outro estado ou país.

Como meu pai costuma a dizer, o mundo é do tamanho do nosso conhecimento. Uma cidade pequena pode ser gigantesca para um pessoa que quase nunca sai de seu "mundinho". Assim como uma cidade grande pode parecer pequena quando vivemos apenas aos arredores da vizinhança de sua casa.

Beijos...boa semana...se cuida!