O primogênito de toda família. O terror de todo irmão. O mano velho. O tempo. Este que voa como um foguete e às vezes impede que percebamos as agradáveis sutilezas do cotidiano.
Nem sempre é culpa do tempo. Quando ele nos dá uma chance, a preguiça aparece e, em seguida, o ócio. Temos diferentes maneiras de aproveitá-lo, moldamos nossas ideias e vontades conforme ele permite. “Anda sumido”, exclama o amigo. “Falta de tempo”, justifica o outro. É realmente como um irmão mais velho: a culpa vai toda para ele. E não só a culpa como a responsabilidade de dar conta de tudo.
Tempo escasso quando atualmente toda a tecnologia nos coloca a favor de dar conta dele? Micro-ondas para aquecer a comida mais rápido; celular para encontrar mais fácil o colega que não está em casa; máquina fotográfica digital para ver instantaneamente como a foto ficou; passagens aéreas com os preços caindo para tornar a viagem mais dinâmica (e barata). São inúmeros os fatores que a modernidade nos trouxe para pararmos de culpar o irmão mais velho.
No entanto, o ser humano é uma espécie que precisa achar um culpado e se redimir. “Pronto, bota na conta do tempo que ele só tem 60 segundos por minuto, 60 minutos por hora, 24 horas por dia, sete dias por semana...”
Portanto, não é culpa do tempo o fato de eu estar um tanto quanto afastada da vida cibernética. Talvez por eu tê-lo virado do avesso em nossa última briga, ele tenha se tornado mais flexível e menos rígido. Um acrobata de collant azul marinho, um equilibrista que atravessa infinitamente a corda bamba e nunca retorna. Dá uns pulinhos invertendo o pé direito com o esquerdo, dá uma bambeada, mas não cai.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
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4 comentários:
Quando paro para pensar no tempo, e isso acontece toda hora, eu fico louco. A relatividade do tempo é uma coisa tão maluca...
...eu acredito que o tempo pode ser tanta coisa...
O tempo permanece meu amigo. Pena que eu sou defensiva na relação.
Tempo X Tecnologia, um querendo matar o outro. Quando já poderíamos estar vivendo uma vida muito mais saborosa e menos estressante.
E ainda nos achamos os maiorais da inteligência no planeta.
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