sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu tinha medo...

Merthiolate
Quando eu era criança me machucava bastante. Minha mãe já estava acostumada a me ver chegando em casa estropiada depois de um breve passeio de bicicleta, e tinha um arsenal de gaze, água oxigenada e band-aid no armário. No lugar de Merthiolate, eu só deixava passar Mercúrio Cromo porque não ardia. Tudo por causa de um trauma: eu chorei mais quando passaram Merthiolate no meu joelho do que quando tomei o tombo.


Escuro
Eu achava que era no escuro do meu quarto que as mais terríveis criaturas apareceriam para me pegar durante a noite. Para ajudar, enquanto eu era a caçula da família meus primos me infernizavam com histórias de monstros. Por isso minha mãe não podia me deixar ver filmes de terror nem ouvir histórias assustadoras, algo que para muitos não passava de diversão, mas para mim era só causa para pesadelos.


Ficar órfã
Além dos pesadelos com monstros, bichos-papões e afins, eu sonhava que ficava órfã. Até me lembro de um desses sonhos ruins até hoje: um assassino matava meus pais e eu chorava e o culpava. Mas esse medo ia além dos pesadelos, pois eu me sentia muito dependente dos meus pais e tinha medo de que algo nos separasse, e esse algo sempre parecia ser uma coisa muito trágica.


Mariposa
Não sei ao certo se era apenas mariposa ou se qualquer borboleta de cor escura já me metia medo. Mas essa fobia rendeu uma história engraçada: eu e uma amiguinha estávamos no elevador do prédio quando uma borboleta preta ficou presa lá com a gente. Eu lembro que gritamos tanto que quando saímos do elevador tinha até uma pessoa esperando para ver o que estava acontecendo.


Repetir de ano
Eu era muito CDF com 10 anos de idade - e uma nerd precoce. Estudava bastante porque tinha medo de repetir de ano, e não tanto porque adorava, embora eu gostasse bastante de Ciências (quis ser astrônoma) e Língua Portuguesa (dizia que seria escritora). Todo mundo me metia medo contando o quanto era terrível repetir uma série, ser a mais velha da turma e fazer aquilo tudo de novo.  

3 comentários:

Nathália disse...

Tirando o medo de mariposa, acho que todos os outros são comuns a qualquer criança. Bom, o que sei é que eu também tinha medo de todos eles.
=X

Cristina disse...

Não sei enumerar as coisas de que tinha medo, certamente eram muitas. Tinha medo de meus pais sumirem - não sei como; mas era um medo mto presente. Freud explica? alguém explica?

Alexandre disse...

Merthiolate é um clássico, essa marca entrou no inconsciente coletivo traumático de toda uma geração.